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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

[Entrevista] Avivamento e Santificação: as marcas do Bispo José Carlos Peres

 Ao lado da esposa, Maria da Penha, o Bispo Peres compartilha sua visão de ministério e como deseja atuar na 3ª Região Eclesiástica da Igreja Metodista

Bispo eleito no 19º Concílio Geral da Igreja Metodista, José Carlos Peres ou pastor Zé Carlos, como também é conhecido e chamado por alguns. Natural da Cidade de Olímpia - SP, 54 anos, casado com Maria da Penha G. Peres e pai de Michelle, casada com André e de Endric casado com Nathaly e avô de Arthur (filho de Michelle e André). Como leigo atuou como liderança das Congregações de Jardim Angela, capital de São Paulo e Embu Guaçu - SP. Em 1990 realizou o Curso Básico de Teologia e em 1992 ingressou na Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, onde se graduou em 1994. No ano de 2002 terminou o mestrado em Teologia Prática, na Pós Graduação da UMESP.

Desde 1993, quando recebeu sua primeira nomeação pastoral se dedica ao ministério com alegria, sabendo que sua vocação é para honrar e glorificar ao Deus que escolheu servir. A ênfase ministerial está em Avivamento e Santificação, para atender ao apelo metodista de Espalhar a Santidade Bíblica e Reformar a Nação.

Tem servido a Igreja em diversas áreas de atuação: COREAM - 2000/2001; 2006/2009; Superintendente Distrital 2002/2005 e 2007 até o presente momento; Assessor Epíscopal junto à Federação de Homens desde 2010. Atuou como Pastor Titular nas seguintes Igrejas: Central de Guarulhos - 1993/1998; Central em Santos - 2001/2005; e atualmente em Tucuruvi - desde 2006; como Pastor Coadjutor na Cental em São Paulo - 2008/2009.

José Carlos Peres, o novo Bispo da Igreja Metodista, mostra cautela e personalidade meses antes de assumir a presidência da 3ª Região Eclesiástica. Em entrevista ao Expositor Cristão, o Bispo Peres reafirma as marcas de seu ministério: avivamento e santificação. Ele quer seguir os passos do atual Bispo Adriel Maia, mas, promete imprimir um ritmo particular nos próximos anos e incentivar o crescimento da Região.

Quais serão os primeiros passos como Bispo presidente da 3ª Região Eclesiástica?
A idéia inicial é ver o encaminhamento que o Concílio Regional vai dar em relação ao Plano Nacional, para depois definir como será a contribuição episcopal. Minha pretensão é dar seqüência em projetos iniciados pelo Bispo Adriel. Se mudar alguma coisa, será na condução pastoral, já que temos estilos diferentes. Como dizem os jovens, temos “pegadas” diferentes. Desde 1988 e 1989, quando comecei como liderança de igreja, escolhi o caminho de avivamento e santificação que tem tudo a ver com metodismo. O avivamento é como que trazer à essência tudo aquilo que foi o metodismo da época de Wesley.

O sr. acredita que vai enfrentar dificuldades na 3ª Região, onde nos deparamos com Igrejas e pastores/as mais conservadores/as, ecumênicos, inclusive? Como reverter esse quadro?
O problema não é a opção teológica que a pessoa faz. Mas é se a pessoa é crente ou não. Tenho convivido com pessoas conservadoras, tradicionais, mas profundamente cristãs que tem a essência da palavra no coração. Nunca tive problemas com essas pessoas. Tenho problemas com quem tem dificuldades com a santificação, com novidade de vida, que tem a santidade como discurso, mas a prática está bem distante disso. Diria que não sou eu que tenho problemas com elas, mas elas que tem comigo porque a resistência está nelas em relação a mim. Na prática da santidade, tenho incentivado as pessoas a buscarem o princípio wesleyano de santificação. Isso não passa pelo fato da linha teológica, mas pelo compromisso com a Igreja, Palavra de Deus e opção pelo cristianismo. A pessoa pode ser tradicional, conservadora, carismática ou progressista, mas se for crente e envolver com os princípios da missão e do evangelho, dificilmente se tem problemas. Até porquê uma das marcas do metodismo é a unidade na diversidade. Não precisa ser igual a ninguém para se dar bem comigo, apenas me respeitar e eu respeitá-lo/a. Pontos que não podemos negociar da nossa fé, são os princípios cristãos e, como metodista, o princípio da santificação é inegociável.

O sr. passou por quatro Igrejas em 18 anos: Guarulhos, Catedral de São Paulo, Santos e Tucuruvi. Como avalia a itinerância pastoral?
A itinerância é uma marca nossa. Da forma como ela se encontra estabelecida na cabeça de muitas igrejas, ou seja, a cada dois, três ou quatro anos tem que trocar o/a pastor/a, creio que não é a melhor itinerância. É preciso discutir isso para se ter uma itinerância mais contextualizada com nossa realidade. As estatísticas apontam que o pastorado mais longo é o que mais faz a igreja crescer. Isso será preciso pensar, até porquê tem-se um projeto aprovado no Concílio Regional que o pastoreio pode chegar até 12 anos; três períodos de quatro. A intenção é não mexer onde há projetos, sonhos, casamento pastoral entre igreja e pastor/a. Não vejo com bons olhos a mudança simplesmente por mudar, principalmente se está dando certo. Devo manter um pouco mais esse pastoreio para a igreja local porque é a partir da confiança da igreja no/a pastor/a que ela vai desenvolver os projetos. Às vezes a Igreja não cresce justamente por causa da mudança rápida de pastores/as, além de gerar insegurança na vida da comunidade.

O que pensa fazer para levantar as Igrejas com mais de 30 ou 40 anos que estão no Programa de Revitalização de Igrejas - PRI?
Penso que dentro da revitalização, precisamos conversar com essas Igrejas. Não acredito que uma decisão regional vai mudar a cabeça das pessoas. É preciso conversar para saber o que elas pensam e qual a razão de tantos anos sem crescimento. O diagnóstico está na Igreja local. Creio que regionalmente vamos encontrar uma fórmula que vai dar uma ajeitada, até porquê quando se observa os documentos, cada igreja tem suas características, seu jeito de ser. As Igrejas que estão no PRI devem ter suas dores, doenças, enfermidades e é conversando que vamos diagnosticar e saber como resolver o problema. Temos muitas ideias, planos aprovados e, um sentimento muito pessoal, é que nos falta uma metodologia segura para colocar tudo isso na prática. Nossa maior crise pela falta de crescimento da Igreja é a falta de metodologia. As ideias estão aí, mas ninguém sabe como colocá-las em prática. Um dos trabalhos que tenho em mente é como desenvolver a metodologia do crescimento saudável na vida da Igreja.

O Bispo Adriel está passando o bastão, embora não esteja se aposentando do ministério. O que lhe marcou e o que leva para o início de seu mandado episcopal?
Creio que há muitas coisas em dez anos, mas três delas tem uma marca bastante significativa, tomando como experiência o cuidado dele comigo e minha família. A primeira marca foi a presença dele nos momentos que mais precisamos, como por exemplo, a morte de meu pai, meu sogro, a enfermidade de minha esposa e o casamento de meus filhos. Ele sempre esteve presente pastoreando. Isso é uma marca significativa. A segunda marca que tenho que me espelhar é a capacidade de dialogar com os diferentes. É difícil você encontrar uma pessoa que não se relaciona bem com o Bispo Adriel. Ele conversa, se posiciona, escuta e, para quem se relaciona com o público, isso é uma marca que precisa ser considerada. A terceira é a qualidade administrativa. Quando olho para a 3ª Região, há dez anos ela estava meio desencontrada, saindo de algumas crises episcopais que foram acontecendo. Nem gosto de relembrar isso, mas com ele a poeira se assentou. A Região conheceu um projeto de longo prazo, se encaminhou, tem um horizonte pela frente e a gente enxerga nosso alvo. Tem outras, mas essas três são fundamentais, basilares no ministério dele que eu quero levar.

Aproveite a oportunidade e deixe uma mensagem para as pessoas que já passaram em seu ministério pastoral.
Uma mensagem a elas? Se hoje estou onde estou eu devo a cada uma delas. Aquelas que foram bênçãos no meu ministério, que oraram, acreditaram em mim num período que eu nem sabia o que era ser pastor, aquelas que viram em mim a figura de um líder, e divido com elas a alegria desse momento. Sei que algumas pessoas podem ter se entristecido com minha forma de pastoreio. Também aprendi muito com elas. Aprendi que alguns caminhos a gente poderia ter evitado, outros poderíamos ter passado por eles, mas também aprendi ser tolerante, orar mais por elas, buscar mais a face de Deus. Todas as vezes que elas endureciam o coração eu buscava mais a confiança em Deus para ter o discernimento pelo Espírito. Acredito que essas pessoas também contribuíram muito para a formação do meu ministério pastoral. Divido com todas elas a alegria desse momento. No pastorado, não foram somente os membros que me deram suporte, alguns pastores também foram amigos importantíssimos, companheiros, conselheiros que deram direcionamento e creram que eu poderia fazer a diferença no pastorado. Minha oração é que Deus possa cobrir todas as pessoas com as mais ricas bênçãos.



Pr. José Geraldo Magalhães

Fonte: Site da Sede Nacional da Igreja Metodista e Jornal Conexão Agosto/Setembro 2011

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